03/08/2020 às 09h37min - Atualizada em 03/08/2020 às 09h34min

CONSUMISMO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Fábio Antonio Gabriel

Fábio Antonio Gabriel

Doutor e mestre em Educação pela UEPG. Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia pela PUCPR.


 
          Uma questão social em evidência na contemporaneidade é o consumismo. Zigmunt Bauman, filósofo e sociólogo polonês, tem trabalhado o problema, destacando que as pessoas, debruçadas em redes sociais, vivem, às vezes, personagens e não pessoas reais. Encarnam personagens e buscam avidamente representá-las e, espelhadas nesse mundo irreal, mergulham em um consumismo incontrolável, que lhes parece o mundo encantado de uma nova forma de agir e pensar a que o filósofo em referência denomina modernidade líquida, uma vez que tudo que era sólido na sociedade desfez-se na fugacidade do tempo.
              Os ideais do iluminismo, do “ousa pensar por ti mesmo”, também foram desfeitos porque a sociedade que ora vivemos é uma sociedade do momento, do buscar viver o aqui e o agora, sem a menor preocupação com um projeto para a vida. Mesmo os vínculos são fortemente influenciados pelo aqui e pelo agora; os relacionamentos são assumidos sem a preocupação do “eterno”, são de momento, os laços afetivos são desfeitos mal se iniciam, quando iniciam, porque, muitas vezes, um encontro apenas pode significar a duração de um relacionamento.
           Mais que em qualquer outra seara, evidências desse diagnóstico podem ser encontradas nas redes sociais. Bauman entende que as redes sociais encarnam a fluidez, na medida em que primeiro as pessoas passam a ter centenas de amigos (o que não é possível na vida real). Também destaca a facilidade com que alguém se torna amigo do outro virtualmente e a facilidade com que também se desfaz uma amizade com um simples toque no celular. Tudo é efêmero, fugaz.
             Não queremos aqui condenar ou julgar quem é consumista, apenas levantar um questionamento sobre o quanto as pessoas sequer percebem que o são. Encontramos pessoas tristes e decepcionadas com a existência, porque não conseguem comprar mais e mais. Quando percebem os limites do seu poder aquisitivo, ficam entristecidas e algumas chegam à depressão por não poder comprar o que desejam avidamente.
          Somos convidados a realizar uma autorreflexão e perguntar-nos se realmente precisamos de determinadas superfluidades que adquirimos ou se adquirimos alguns bens para ostentar para os outros como potenciais compradores. Nas aulas, quando tenho falado com alunos sobre consumismo, percebo que o hábito de consumir está  internalizado em muitos de tal forma que tais pessoas já não concebem a possibilidade de não ser consumista.
          No meu livro, “Minutos de Reflexão” (Editora Escala), apresento diversas reflexões em que exponho a necessidade de uma ressignificação para a existência e valorização da existência pessoal, um distanciamento da valorização pessoal que se valha do acúmulo de bens materiais e do poder de compra. Trata-se de uma perspectiva que busca evidenciar que é possível dar sentido à existência sem uma valorização excessiva do consumismo que ronda nossa sociedade capitalista e individualista.
 
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