25/07/2022 às 16h03min - Atualizada em 25/07/2022 às 16h03min

​Geólogos encontram “lava em corda” durante visita com Atunorpi em Bandeirantes

Achado acontece em locais com presença vulcânica

Assessoria
Divulgação
A expedição da equipe da Atunorpi, Associação Turística do Norte Pioneiro do Paraná formada pelo presidente Welington Bergamaschi e o consultor João Gouveia Cezar na companhia de geólogos em busca de potenciais geossítios em várias cidades do Norte Pioneiro culminou com um achado espetacular na cidade de Bandeirantes.

Durante as visitas técnicas, os geólogos encontraram “lava em corda”. Para o consultor foi uma grande surpresa o achado. Segundo ele, foi encontrada uma grande formação geológica conhecida como lava em corda em uma pedreira inativa próximo ao Santuário São Miguel Arcanjo.

Segundo explicações dos geólogos, esse fenômeno acontece quando a lava sai através de fissuras de vulcões, onde desce e calcifica e a formação fica evidente. De acordo com João Gouveia, já foram encontradas em outros lugares a mesma formação, mas bem menores e a encontrada em Bandeirantes seria uma das maiores da placa tectônica em que está o Norte Pioneiro, a placa que compõe o sul do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Chile.

O geólogo do Instituto Água e Terra, Gil F. Piekarz destacou a importância do achado em Bandeirantes. “Essa é realmente um ponto muito importante. Ela tem umas feições que chamamos de lava em corda que é no topo de um derrame de basalto, derrames vulcânicos que é muito singular e muito rara na bacia do Paraná. Essa lava em corda tem em outras partes do derrame de basalto que chamamos de grupo Serra Geral, mas não tão bonitas. São raras, deveria ter muito mais, mas por um problema ou outro não tem tanto assim não. Ela (formação em Bandeirantes) é bem exclusiva. Como o Presidente do Núcleo Paraná da Sociedade Brasileira de Geologia, Otavio Litcht e o Geólogo de exploração e mapeamento, Edir Arioli; que andaram muito pelo Serra Geral, eles realçaram bem esse afloramento aí, porque é meio único, especial mesmo”, afirmou.

Como afirmado por Gil, o geólogo Otavio Augusto Boni Licht frisou o achado em Bandeirantes. “O piso da Pedreira de Bandeirantes apresenta mais contínua exposição de ‘lavas em corda’, feição típica e característica de um derrame de lava basáltica do tipo pahoehoe, com cerca de 134,5 milhões de anos. Podem ser observadas alterações na direção e no sentido do fluxo, quando o derrame se dividiu em lobos ao contornar pequenas elevações e irregularidades da antiga topografia. No extremo norte da cava, o derrame de lava penetrou um pequeno lago salgado, produzindo massas de lava vesicular envolvidas por sedimento e com cristalização de apofilita verde”, detalhou.

Piekarz ainda explicou sobre a formação do local. “Ao final da evolução da bacia do Paraná, quando quebrou o grande continente Gondwana que existiu de 450 até 130 milhões de anos atrás e separa o que é hoje a América do Sul e a África, bem aqui na nossa região teve um derrame vindo magma do manto, principalmente basáltico formando o que chamamos de grupo Serra Geral aqui no Brasil e na África ficou um pedaço lá, é a província Etendeka. A maior parte está para cá. Ele foi em questões de tempo geológico muito rápido, demorou três milhões de anos, foi de 130 à 133 milhões de anos atrás. É um derrame que chamamos de Trapp”, explicou.

“O basalto é uma lava muito pouco viscosa, então não forma aqueles vulcões em forma de pirâmide não. Ele vai extravasando, vem muito por fraturas, e faz bancadas. Como exemplo, Foz do Iguaçu, cada banco daqueles das cataratas é um derrame de basalto. É um derrame, depois vem outro derrame em cima. Quando vai ali para região de Urubici (SC), nos paredões, chega contar 20, 30, 40 derrames, um em cima do outro, então imagine como era a paisagem. Um grande deserto rachando e vindo magma basáltico. Era essa paisagem”, detalhou.

De acordo com Gil, “em Bandeirantes eles estão lavrando um derrame e o piso da derrame é o topo do derrame de baixo e nesse topo nós temos a lava em corda. Ela vai escorrendo e vai dobrando, evoluindo e vai formando cordões. Essa feição que tem em Bandeirantes então prova que é o topo de um derrame, que é na outra base do outro derrame e é muito bonito, porque a pedreira também é muito bonita. Ela não é funda, é rasa, é plana, tem essas exposições e outras coisas interessantes, braços vulcânicos clássicos”, disse.

O presidente da Atunorpi, Welington Bergamaschi contou como foi “descoberta” a “lava em corda” em Bandeirantes. “Quanta riqueza encontramos no Norte Pioneiro! O senhor José Roberto Altizani, de Bandeirantes, havia me chamado atenção para uma formação geológica diferente encontrada na pedreira local. Foi a partir desse momento que buscamos especialista da geologia para opinar. Sabe-se que é grande o potencial da pedreira a ser explorado como importante produto turístico. Tanto na área educacional, lazer, aventura, contemplação e muito mais, sendo um projeto amplo, onde não faltará investidores e parceiros para levar a contento essa realização”, destacou.

Outro ponto visitado também foi a Pedreira Olho D’água na cidade de Andirá. De acordo com o consultor da Atunorpi, João Gouveia, o local é uma formação rochosa com espelho d´água, que é continuação da formação geológica de Bandeirantes. A visita em Andirá foi acompanhada pela secretária Silvia Flores e a vereadora Sueli Nardoni. Ainda segundo João, os geólogos saíram encantados com o potencial que o lugar tem, mas demanda um pouco mais de estudo.

“Deu para ver que existe um lago. É uma pedreira. Não conseguimos ver uma feição mais especial assim como as lavas em corda de Bandeirantes, porque tem que dar uma olhada em baixo, mas é bem interessante. Esse lago é afloramento do lençol freático. Para fazer visitação também é bem legal, como a pedreira Paulo Leminski em Curitiba e assim por diante. É basalto, a mesma de Bandeirantes. Toda terra roxa, parte de São Paulo, Mato Grosso, Paraguai, Argentina, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai, é um derrame que cobre hoje 1,5 milhão de quilômetros quadrados”, descreveu o geólogo do Instituto Água e Terra, Gil F. Piekarz.

O consultor da Atunorpi, João Gouveia destacou o destino turístico da região. “Temos uma coisa muito bacana, mais uma vez o destino turístico de Bandeirantes ele se valida, se posiciona como ‘uma terra que emana leite e mel’, porque é surreal, tanto para o turismo religioso, quanto para qualidade dos vinhos do La Dorni, vinhos canônicos, pessoal do mel, do morango, e agora essa descoberta arqueológica da parte da geologia bem bacana. Tem muito potencial para o turismo ali naquela área por ser de fácil acesso e tudo mais. Acreditamos que Bandeirantes junto com o Parque da Mina Velha em Ibaiti, vai ser um dos suprassumos desse novo futuro geoparque do Norte Pioneiro”, finalizou João Gouveia.

Acompanharam a visita: Prefeito Jaelson Matta, de Bandeirantes; Secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Bruno Castanho; Secretaria de Obras Jonas; Secretaria de Administração Rafael e Secretaria de Planejamento, Daniel.

Atunorpi- Associação Turística do Norte Pioneiro do Paraná é uma entidade civil, caracterizada como associação de natureza turística, cultural e ambiental e foi fundada em 19 de agosto de 2015.  É a Instância de Governança Regional responsável pela Região Turística do Norte Pioneiro. Atualmente a região é integrada por 18 municípios: Andirá, Bandeirantes, Cambará, Carlópolis, Congonhinhas, Cornélio Procópio, Ibaiti, Itambaracá, Jacarezinho, Joaquim Távora, Ribeirão Claro, Ribeirão do Pinhal, Santa Amélia, Santa Mariana, Santo Antônio da Platina, Siqueira Campos, Tomazina e Wenceslau Braz.

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