16/01/2023 às 21h52min - Atualizada em 17/01/2023 às 00h01min

50 mulheres são sequestradas por extremistas islâmicos em Burkina Faso

Extremistas sitiaram cidades em todo país, impedindo que pessoas e bens circulem livremente. Mulheres foram levadas enquanto colhiam frutas silvestres em campos da região.

G1 Mundo
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Extremistas sitiaram cidades em todo país, impedindo que pessoas e bens circulem livremente. Mulheres foram levadas enquanto colhiam frutas silvestres em campos da região. Mapa mostra cidade de Arbinda, onde pelo menos 50 mulheres foram sequestradas por extremistas islâmicos
ASSOCIATED PRESS
Em Burkina Faso, pelo menos 50 mulheres foram sequestradas por extremistas islâmicos perto da cidade de Arbinda, na região do Sahel, entre quinta e sexta-feira da semana passada. As informações foram divulgadas pelo tenente-coronel Rodolphe Sorgho, governador do Sahel, nesta segunda-feira (16).
Em comunicado, a autoridade disse que as mulheres foram levadas enquanto colhiam frutas silvestres em campos da região.
"As buscas começaram com o objetivo de encontrar todas essas vítimas inocentes sãs e salvas", disse o governo em um comunicado.
Mais tarde, Volker Türk, Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, disse estar alarmado pelos sequestros, que, segundo ele, podem ser "o primeiro ataque desse tipo, que aponta deliberadamente para mulheres em Burkina Faso".
"Peço a liberação imediata e incondicional de todas as mulheres sequestradas e que as autoridades nacionais realizem rapidamente uma investigação eficaz, imparcial e independente para identificar os autores e responsabilizá-los", disse Türk.
Contexto
Nos últimos anos, a violência jihadista ligada à Al Qaeda e ao grupo Estado Islâmico invadiu Burkina Faso, matando milhares e deslocando quase 2 milhões de pessoas no país da África Ocidental. O fracasso de sucessivos governos em interromper os combates causou descontentamento generalizado e desencadeou dois golpes militares em 2022, o segundo contra o primeiro regime militar a tomar o poder.
A junta militar que assumiu o poder em setembro, prometendo restaurar a segurança, ainda luta para conter a violência.
Durante a segunda semana deste mês, 116 incidentes de segurança foram registrados, de acordo com um relatório interno para grupos de ajuda visto pela Associated Press. O número representa um aumento de mais de 60% em relação à última semana de dezembro.
Os extremistas sitiaram cidades em todo o país, impedindo que pessoas e bens circulassem livremente. A cidade de Arbinda está sob bloqueio jihadista há anos, tornando as mulheres mais vulneráveis ​​a ataques se tentarem sair de casa.
"As mulheres podem caminhar até 4 km (no mato) para procurar comida", disse um morador de Aribinda, que não quis ser identificado por questões de segurança, a Reuters.
O morador acrescentou que os homens estavam com muito medo de se aventurar longe de suas casas por medo de serem baleados por jihadistas. "É por isso que as mulheres foram sequestradas", disse ele.
Segundo o ex-prefeito de Arbinda, Boureima Werem, os sequestros em larga escala são uma nova estratégia e podem apontar para uma mudança nas táticas dos extremistas.
Ousmane Diallo, pesquisador do escritório regional da Anistia Internacional para a África Ocidental e Central, chamou os sequestros de “um desenvolvimento muito preocupante e sério em Burkina Faso, que expõe a vulnerabilidade das mulheres em áreas sob bloqueio”.
“Os direitos dos civis e seus direitos à subsistência devem ser protegidos por todas as partes no conflito. É preciso haver mais atenção e mais proteção dos civis por parte do governo nessas cidades sitiadas, mas também uma abordagem personalizada para a proteção de mulheres e meninas”, afirmou Diallo segundo a AP.
Laith Alkhouri, CEO da Intelonyx Intelligence Advisory, que fornece análises de inteligência, disse que os jihadistas estão tentando aumentar a pressão sobre o governo de Burkina Faso. De acordo com o que disse para AP, os sequestros são uma maneira fácil de ganhar pontos e barganhar.
"Essas táticas visam aumentar a pressão sobre o governo para fornecer concessões, como dinheiro de resgate, bem como destacar o corpo governante como incapaz de proteger seus cidadãos, criando medo entre os habitantes locais e desconfiança entre o público o governo", afirmou Alkhouri.

Replicado material do portal G1 via RSS



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