Após greve dos médicos e caos na gestão, Dr. Sergio deixa a Santa Casa

O presidente da Santa Casa de Misericórdia de Jacarezinho, Sérgio Eduardo de Farias, o Dr. Sérgio, deixou o cargo no fim da tarde desta terça-feira (09). A saída é o desfecho de uma grave crise institucional do hospital que veio à tona com a greve de médicos da entidade causada por salários atrasados.

Os primeiros a cruzarem os braços foram os médicos do Pronto Socorro, recamando o recebimento de quatro meses de salários atrasados. Na terça-feira (09), foi a vez dos médicos a UTI, provocando reações na região, como na prefeitura de Cambará, que emitiu um comunicado à população que estaria informando que buscaria alternativas em outras cidades para o atendimento especializado.

Saída de Dr. Sérgio
Sob forte pressão da população e de grande parte do quadro de funcionários, que pedia sua saída, Dr. Sérgio se viu isolado no comando da entidade, após a greve dos médicos gerar revolta na comunidade e duras críticas de todos os lados que questionavam a capacidade de gestão do então presidente da Santa Casa.

Embora os recursos vindos do município e do Estado estivessem em dia, além do recebimento de seguidas emendas parlamentares, a diretoria da entidade não conseguiu honrar os compromissos com os médicos.

Por parte da população, a falta de clareza de como é feita a gestão e como a situação pode chegar ao caos total gerou indignação. Pelas redes sociais o assunto tem sido amplamente discutido e as críticas contra a atuação de Dr. Sérgio foram pesadas.

Por exemplo, grande parte dos questionamentos eram no sentido de como outras diretorias, até mesmo com menos recursos, conseguiram manter ao menos a folha salarial em dia.

Além disso, já havia forte pressão por parte de órgãos como o Ministério Público e a Secretaria Estadual de Saúde para que uma solução fosse tomada, porém nem isso foi capaz de levar novas medidas.

TRAMPOLIM?
Ex-prefeito de Jacarezinho entre 2013 e 2020, Dr. Sérgio tem falado abertamente que tem aspirações políticas. Sua entrada na presidência da Santa Casa já era vista como uma espécie de trampolim, uma forma de colocar seu nome em evidência visando as eleições municipais do ano que vem.

O cenário obviamente gerou grande descontentamento interno. A avaliação de funcionários e até de médicos é que a atuação de Dr. Sérgio tinha mais finalidade eleitoral do que de gestão, propriamente dita.

Fontes internas dizem que o Dr. Sérgio, em meio às dificuldades financeiras, tentou mais vezes atribuir a culpa à prefeitura e ao Estado, com gestões consideradas rivais políticas, do que efetivamente resolver problemas.

HERANÇA MALDITA
Ao fim de tudo isso, o que se vê na prática é um hospital com médicos sem trabalhar por mais de quatro meses de salários atrasados e com uma dívida que, estima-se, passa dos R$ 500 mil, sem nenhuma previsão orçamentária de cobertura do rombo causado.

Com um ano de gestão à frente da Santa Casa, Dr. Sérgio se despede da direção da entidade em, talvez, sua maior crise institucional em seus mais de 100 anos de existência.

A reportagem da Tribuna do Vale tentou contato com Dr. Sergio através do celular, mas ligações não foram atendidas.