A vacina brasileira desenvolvida por cientistas da USP Ribeirão Preto, chamada Versamune, pode ter eficácia de até 12 anos.
“A Versamune tem a capacidade de ativar todo o sistema imunológico que impede não só a entrada do SARS-CoV-2 para dentro das células como também matam as células já infectadas. Acreditamos que o imunizante gere uma memória imunológica de até 12 anos”, contou o professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP Celio Lopes Silva, em entrevista ao Jornal da USP.
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) desenvolveu a Versamune, em parceria com a Farmacore Biotecnologia e a norte-americana PDS Biotechnology.
O consórcio entrou com pedido junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no último dia 25 de março para iniciar os testes clínicos em humanos e espera uma resposta da agência – mesmo dia em que a agência recebeu pedido semelhante da Butanvac. (veja abaixo)
A vacina brasileira já foi testada em animais e, de acordo com Helena Faccioli, CEO da Farmacore, os testes pré-clínicos mostram que a vacina não causou danos aos animais.
“Estudos demonstram que a Versamune é segura, não apresentou efeitos tóxico nos animais, e tem grande capacidade de ativação de anticorpos, especialmente de células T (células de defesa que ajudam a combater agentes infecciosos)”, afirmou.
Os testes
O consórcio pediu autorização para fazer os estudos das fases 1 e 2, para verificar a segurança e a eficácia da Versamune em humanos.
Se aprovado pela Anvisa, o teste será feito com 360 voluntários saudáveis, com idade entre 18 e 55 anos, e em um segundo momento, de 55 a 75 anos.
No período de 3 a 4 meses serão avaliados os efeitos colaterais e se os voluntários produziram anticorpos contra o vírus da covid.
A partir de bons resultados, será feito o pedido para a fase 3. A última etapa de testes vai durar cerca de seis meses, e 10 mil voluntários serão testados.
Se a resposta for positiva, o consórcio pretende pedir o uso emergencial do imunizante junto à Anvisa no começo de 2022.
A vacina
A fase pré-clínica mostrou ser necessária a aplicação da vacina brasileira duas doses, com um intervalo de 21 dias entre elas, para o imunizante ser eficaz.
O imunizante foi desenvolvido pela junção de uma réplica da proteína S1, que é um pedacinho da proteína spike, parte do SARS-CoV-2 responsável pela entrada do vírus nas células humanas, com uma nanopartícula.
Essa combinação é injetada no organismo das pessoas e a expectativa é que o sistema imunológico crie anticorpos contra esse pedaço do coronavírus e bloqueie instalação dele nas células.
Além disso, essa nanopartícula induz a ação dos linfócitos T. Então, mesmo que a proteína S1 não produza a resposta esperada, os linfócitos ativados neutralizariam o novo coronavírus.
“Ao contrário das tecnologias de vírus e adjuvantes, essa vacina gera uma resposta imune muito específica, direcionada e poderosa, com capacidade de gerar memória imunológica no organismo e prevenir futuras reinfecções”, diz Faccioli.
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