08/05/2020 às 18h59min - Atualizada em 08/05/2020 às 18h59min

Será que mãe já nasce pronta?

Quando olhamos para a natureza e lhe prestamos atenção em como as mamães de todas as espécies cuidam de seus filhotes, é difícil não se encantar. Sem que ninguém as tenha ensinado, elas realizam todos os preparos necessários para dar a luz às suas crias. Algumas delas contam com a ajuda dos “machos” enquanto que outras, não. 
   
O filhote nasce e de pronto elas já sabem exatamente o que fazer, inclusive como defendê-lo dos perigos mais comuns, para que cresça e se desenvolva plenamente. E é com esse maravilhoso espetáculo da vida, que as espécies se renovam e se mantém povoando os locais mais remotos do nosso planeta.

Pois bem. Seguindo essa lógica, as mamães humanas deveriam também nascer prontas e acabadas, programadas instintivamente de maneira que, em qualquer caso de dúvida bastaria apenas respirar fundo três vezes para a resposta surgir, direto dos arquivos da “grande mãe natureza” e pronto, problema resolvido. Nunca haveria erro.

Mas ao que parece as coisas não são lá tão simples assim e muitas mães, especialmente as mais jovens, comumente sentem-se perdidas, sem saber o que fazer com situações e desafios que a maternidade lhes impõe a todo o momento. Outras, que tem na maternidade apenas um sonho a se realizar, apesar do desejo, têm muito medo por não se sentirem preparadas para a tarefa.

Muitas dessas dúvidas vêm justamente da crença que, tal qual a maternidade observada no reino animal, a maternagem humana deve ser uma coisa absolutamente natural, algo inerente à condição da mulher, simplesmente constituída por um rol de procedimentos instintivos, infalíveis e inatos. Só que não. Por isso vale a pena perguntar:

 
   Será que mãe nasce pronta mesmo? Qual é o lugar que o tão falado “instinto materno” ocupa na espécie humana? Será que é possível comparar maternidades tão distintas?
 
Um instinto nada mais é que é um impulso natural, que não depende da razão e da reflexão e bem por isso, é limitado a algumas situações bem específicas. Vendo por esse lado, não fica difícil compreender que ele por si, não é suficiente para transformar uma mulher em mãe, dada à enorme complexidade dessa tarefa. E o porquê disso é simples: os bichinhos, apenas criam os seus filhos, o ser humano além de criar, precisa educar. Para criar, basta proteger e alimentar; se isso já é um desafio enorme, sobretudo para as mãezinhas mais pobres, o educar então “é que são elas”. 

Pode até não soar de maneira muito poética, mas se trata de uma grande verdade, uma constatação antropológica e psicológica: Na espécie humana, mãe não nasce pronta. A mulher aprende (ou não!) a ser mãe.

E sendo assim, é bom lembrar logo que o erro faz parte importante de qualquer processo de aprendizagem, uma vez que produz experiência. Portanto, aquela velha máxima de que “errar é humano” nunca foi tão apropriada quando se aplica às mães. Nenhum erro pode ser considerado mais humano do que aquele motivado pelo amor, pelo cuidado e pela tentativa de uma mãe em favor do seu filho.

Isto posto, gostaria de dizer que quando seus “instintos maternos” falharem, ou simplesmente não responderem, não fique frustrada nem se sinta culpada. Entenda isso apenas como um sinal da mãe natureza mostrando que para aquela situação, ela não tem resposta e que conta com seu amor e paciência para encontrar uma saída. Essa é a hora de buscar, de ver quem ou o que pode ajudar. Não tenha vergonha de suas inseguranças, limitações, medos e indecisões, tanto no que diz respeito a criar quanto a educar, mesmo nas coisas mais simples.

Como se vê, mãe não nasce pronta. Mas têm em si todas as condições para se aprontar conforme for preciso, vencendo desafio por desafio e assim, ao fazer crescer um filho, você também cresce como ser humano e se torna mais plena.

Em tempo: tão importante quanto tudo isso, é não se esquecer de sempre (que possível) envolver o pai na problemática de criar e educar, ainda que a mãe não trabalhe fora. Entretanto, se o pai por algum motivo se mostrar perdido e também não souber o que fazer, tenha um pouco de paciência. Sabe por que, né? É que pai também não nasce pronto!

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