AH ESSES DOIS!!!! Não havia escada. Era um monte de tijolos. Eles conversavam por cima do muro que agora era bem mais alto. - reformar a casa tudo bem, mas aumentar o muro?? Ela sorriu. E sorriu alto. Dona ‘mãe’ saiu pra ver. - e esse namoro aí no muro? - ela ainda não me disse sim! Responde o rapaz. - cara de pau! Diz com um sorriso a moça. E ela dá um empurrão que quase o derruba da “escada improvisada” - Namora comigo? Te dou um beijo com sabor de feijão e ketchup! Tá bom tenho um halls aqui no bolso!!! Diz ele. Na divindade daquele olhar. Nos verdes daqueles olhos e principalmente na boca pequena da jovem, era seu ninho e forma de encarar a vida: através dos adjetivos escancarados e mal tratados pelos homens que a via como um “momento de descontração”. – ela não é um objeto –esbraveja por dentro. Na realidade ele repetia palavras no espelho mil vezes, faltava coragem para o “cara a cara”. Eram palavras no espelho e ia dormir. Porque nos sonhos ele tinha coragem de dizer o quanto a amava. - Você não presta. Aposto que diz isso pra todas? Retruca a amiga. - para as outras normalmente começo com um “oi você vem sempre aqui?” Mais sorrisos incontidos da amiga do outro lado do muro. - sabia que o que mais atraem as mulheres são os homens que as fazem rir?? - então não tô tão distante assim de você!! - tem razão existe um muro entre nós! - e agora ele ta mais alto! - bem eu tava fazendo uma metáfora!!! - eu sei!! E mais risos - tenho que entrar agora até amanhã! E olha pra ele com um jeito que só vocês mulheres sabem fazer quando querem provocar. Ela vai rebolando. Provocando. Ao vê-la partir parafraseava Renato Russo “Não preciso de modelos não preciso de heróis. Eu tenho meus amigos, e quando a vida me dói tento me concentrar num caminho fácil”. E ela vai, corpo esguio observado com carinho e respeito. E ele volta pra sua realidade: misturada a álcool e comprimidos pra dormir. Fingimos. Esperando pela vida vivendo só de guerra...
